Participar ou acompanhar o South by Southwest (SXSW) é se atualizar com os temas quentes que irão pautar os próximos anos.
O evento é conhecido por ser um caldeirão de tendências, ideias e inovações de diferentes segmentos e indústrias. E não foi diferente em 2024.
Estivemos (pela 12ª vez!) no evento para compartilhar com você os conteúdos e insights mais relevantes. Você pode conferir mais da nossa cobertura no Instagram do oclb.
Por aqui, confira a seguir a nossa curadoria com cinco temas quentes do SXSW 2024 que você deve prestar atenção para não ficar de fora das conversas.
Anote, se atualize e se inspire!
1. O segundo ano da IA generativa
Acabou a lua de mel. Estamos em um novo momento com a IA generativa, apesar dela continuar sendo o assunto dominante. Em 2024, sai um pouco o deslumbre e entra uma maturidade nas discussões sobre a tecnologia.
Se antes a conversa era sobre as múltiplas possibilidades da IA, agora a ética e a regulamentação ganham vez. Ouvimos questões mais profundas como responsabilidade, transparência, impacto social e, principalmente, como essa tecnologia já tem reconfigurado os nossos cotidianos no âmbito pessoal e profissional.
É surpreendente ouvir a previsão de que os modelos de IA tenham “100 anos de progresso em 5 anos”, como apontou o CEO da Signal & Cipher Ian Beacraft.
Mas o otimismo segue em algumas falas, como a do Peter Deng (claro), Head do ChatGPT: “Nossas mentes são organismos extremamente ocupados, sempre refletindo sobre diversos ‘e se’. Mas resolver problemas complexos nos obriga a tirar um tempo para pensar. De certa forma, a IA nos liberta para considerar as coisas em um nível mais elevado, nos devolvendo o tempo para pensar em problemas.”
É o momento de discutirmos como e até que ponto ela irá moldar nosso futuro, principalmente considerando os vieses que traçamos para essas tecnologias.
“Abordar o viés e a discriminação algorítmica não é tão simples, precisamos de nuance. Gosto de encará-los como uma doença crônica ao invés de tentar tratar como se fosse uma infecção. É um processo contínuo de higiene do algoritmo. É assim que acredito que devemos pensar o desenvolvimento desses produtos, com uma perspectiva histórica e vigilante”, destacou a Dra. Joy Buolamwini, fundadora do Algorithmic Justice League.
A IA se tornou um assunto de interesse público, não mais exclusivo a especialistas. “Você não pode treinar só uma equipe em IA, mas toda a empresa”, como pontuou Sandy Carter, COO na Unstoppable Domains.
2. Saúde mental
Já diz muito o fato da Selena Gomez, atriz, cantora e uma das pessoas mais seguidas no Instagram, estar no evento para falar sobre um app de saúde mental.
É um assunto que atravessa e interessa a todos, o que ficou claro pela variedade de assuntos abordados na track de mental health.
Em Austin, ouvimos sobre saúde mental no trabalho e nos relacionamentos interpessoais, mas principalmente sobre como a solidão e isolamento são os grandes inimigos do bem-estar contemporâneo.
Como Rohit Bhargava reforçou, vivemos uma “epidemia de solidão”.
“A solidão não é um problema novo, somos uma sociedade muito orientada para a conquista e individualista desde tempos imemoriais. Mas o que aconteceu nos últimos anos é uma mudança dramática. Quase substituímos completamente o tempo gasto juntos na vida real por tempo em experiências virtuais.”, declarou o CEO do app de relacionamentos Hinge, Justin McLeod.
Saúde mental, tecnologia, produção de conteúdo, exposição nas redes sociais… Os temas acabaram se encontrando mais vezes durante o evento.
A própria Selena Gomez compartilhou sua experiência: “Eu lancei um documentário e estava aterrorizada de fazê-lo e me expor mais. E fiquei indecisa sobre se deveria ou não fazê-lo. E acho que de alguma forma, quando fiz isso, senti uma quantidade mínima de sanidade, porque não havia mais esconderijo.”
A saúde mental é um tema cada vez mais urgente e importante, não teria como passar despercebida por um evento que busca refletir sobre cultura e sociedade.
3. Creator Economy
Pela primeira vez, o SXSW apresentou uma track dedicada à creator economy, o ecossistema de produtores de conteúdo e influenciadores digitais.
Com muitas celebridades e influenciadores presentes, o grande foco foi em como usar a influência para promover um impacto social positivo.
O tema apareceu na fala da Meghan, Duquesa de Sussex: “Há muito trabalho para manter as pessoas seguras nas redes sociais. Não entendo o ódio despejado sobre mulheres, especialmente. Se você está lendo algo horrível sobre uma mulher, por que engaja e compartilha?”
Mas a creator economy possui outras nuances.
Em diálogo com o tema da saúde mental, o CEO da plataforma de live-streaming Twitch também declarou que “as redes sociais parecem antissociais” e que “todos anseiam por pertencer e acho que é isso que as pessoas estão buscando em sessões de live streaming”
Mas o pertencimento também pode aparecer através de desgostos em comum. É o que vimos com a “desinfluência” – termo que ganhou destaque nas redes sociais como uma abordagem mais honesta na divulgação de produtos ou serviços, focando na transparência em vez de vendas a qualquer custo.
O impacto da IA também apareceu nas conversas conversas sobre produção de conteúdo ou ainda como a influência e os fandoms se manifestam numa cultura “pós-seguidores”, em que o algoritmo de recomendação dita o conteúdo que você vê mais do que o ato de seguir alguém.
Está ficando cada vez mais complexo separar o que é ficção da realidade, publicidade de opinião, creators que são marcas e marcas que agem como creators… mas é inegável a força deste mercado.
4. O futuro do storytelling pós-Apple Vision Pro
A Apple inaugurou um novo capítulo do spatial computing com o Apple Vision Pro, e sua influência não passou despercebida no SXSW 2024.
Inclusive, não foi incomum ver algumas pessoas testando o Apple Vision Pro durante o festival.
Quando falamos sobre realidade estendida (XR), o assunto do momento foi entender como os novos meios estão impactando a forma como contamos histórias.
Mas a realidade estendida não se limitou às discussões nas salas de conferência
A XR Exhibition seguiu explorando as possibilidades de narrativa no guarda-chuva das tecnologias imersivas, seja com as realidades aumentada, virtual ou mistas.
Por lá, vivemos a experiência “Empereur”, onde você se coloca na perspectiva de um pai com afasia, que perdeu a habilidade de falar, e que tenta se comunicar com sua filha. Foi preciso enfrentar uma longa fila, mas vale muito a pena para entender o que realmente é o poder da imersão em realidades estendidas.
Porém, independente do meio, é necessário estarmos atentos a como nossas perspectivas atravessam as histórias que contamos. Daniel Kwan, premiado diretor do filme “Everything Everywhere All At Once”, ressaltou:
“As histórias são uma compressão da realidade, como quando o JPEG está terrivelmente compactado, porque você não está olhando para a dimensão original. Temos que ter muito cuidado como criadores. Você nunca sabe que tipo de preconceito inconsciente está incorporando à narrativa.”
5. A presença brasileira dentro e fora dos palcos
Não deu outra: português foi o idioma não oficial desta edição do SXSW.
A edição de 2024 bateu o recorde de participantes brasileiros (mais de 2.300!), mas também chamou atenção pela extensa presença brasileira nos palcos. Na conferência, lideramos mais de 20 palestras.
Um dos grandes destaques foi Yasodara Cordova, Chief of Privacy, Digital Identity & Trust Research na Unico IDtech. Cordova apresentou a session “Privacidade e IA – retomando o controle dos nossos dados”, que teve uma sessão extra após ter esgotado a primeira (e essa segunda também deu sold out).
A ativista Txai Suruí teve uma das sessions mais aplaudidas do festival, ressaltando a importância da perspectiva indígena para os debates sobre futuros e tecnologia. “Nós na comunidade indígena somos os primeiros a sofrer as consequências da emergência climática. E nós sabemos que o futuro é ancestral. Precisamos trazer o que já conhecemos. Podemos unir o conhecimento ancestral e a tecnologia para mudar o mundo.”
Também estivemos representados nos festivais de Film & TV, como com o excelente “Pedágio” da Carolina Marcowicz, e no Music com grandes nomes como Marcelo D2 e novos artistas como Bia Ferreira.
Nossas marcas também estavam por lá. A Globo já marca presença no SXSW desde 2019 (como media partner). O Itaú Unibanco foi a primeira marca brasileira a patrocinar o SXSW e, com a missão de democratizar o conteúdo que rola em Austin para o Brasil, esse ano fará a tradução para o português e espanhol das principais palestras do festival: um total de mais de 120 conteúdos, que estarão disponíveis no Youtube do South By.
Chegamos a ser citados até quando não estávamos nos palcos. Amy Webb, uma das mais aguardadas palestrantes do evento, começou sua palestra de trends dando bom dia para os brasileiros presentes, em português mesmo. Além de ter dito que a Casa SP Experience – que assinamos a curadoria – era o lugar mais legal para se estar no SXSW.
Aliás, a Casa SP Experience foi o grande destaque brasileiro da edição. O projeto foi liderado pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em parceria com a InvestSP, a ONG Gerando Falcões, entre muitos outros parceiros e patrocinadores. Mais de 30 palestras, shows, gravações de podcasts rolaram nesse espaço assinado pela SRCOM – que tem a fachada criada por ninguém menos que Kobra, nosso muralista globalmente reconhecido. E, claro, com a nossa curadoria de conteúdo.
Não teve para mais ninguém esse ano. O South by é (quase) nosso.
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