Resistência, ativismo, contradições, sol escaldante e o frio na barriga da primeira vez.
Assim foi a inauguração do SXSW Sydney 2023, que começou hoje, dia 15 de outubro, e que se encerra no próximo dia 22.
O calor intenso afastou mais que aproximou
A inauguração oficial do SXSW Sydney aconteceu de forma gratuita para o público em um domingo de sol escaldante no Tumbalong Park, charmoso parque no Darling Harbour onde crianças se refrescavam brincando nos chafarizes enquanto adultos se protegiam em qualquer lugar que encontrassem sombra.
Um gigantesco palco foi montado no parque, cercado de casas com ativações de marcas. Estavam lá a Seven (grupo de mídia local), Porshe (sempre presente no SXSW), CommonBank (banco local) e a marca de bebidas destiladas japonesa Suntori, que mais se destacou ao montar uma instalação de 12 metros de altura em forma de uma vending machine (máquinas de vendas de produtos).
Uma programação de palestras e shows aconteceram nesse espaço, mas o calor intenso que fazia no local obrigou as pessoas a sentarem-se no chão encostadas em bares ou outras estruturas que proporcionassem sombras.
No cair da tarde, quando o sol deu uma trégua, o espaço serviu de recepção para o evento inaugural do SXSW Sydney 2023. Foi só nesse momento que o Tumbalong Park realmente encheu.
Diferentes locais, problemas semelhantes
O SXSW acontece desde 1987 em Austin, capital do Texas. Em 2022, pouco antes do festival começar, o estado mais conservador dos EUA passou uma lei restringindo os direitos de pessoas trans. Era possível sentir um clima de protesto no ar, já que o SXSW é um festival declaradamente progressista e muitos dos seus palestrantes aproveitaram o palco para manifestarem-se contra o governo local.
Na 1ª edição do Web Summit Rio, a ativista amazônica Txai Suruí subiu ao palco ao lado do global Luciano Huck para fazer um apelo em defesa da Amazônia e contra o marco temporal.
E a primeira edição do SXSW Sydney começou um dia depois da maioria dos australianos rejeitaram em referendo uma emenda à Constituição que propunha reconhecer os aborígines como os primeiros habitantes do território e criar um órgão consultivo para lidar com temas relacionados a eles no Parlamento.
A organização do festival, que escalou uma programação exclusivamente voltada para reconhecer a produção audiovisual em homenagem ao ‘Dia dos Povos Indígenas’, fez questão de se posicionar a favor das mudanças constitucionais.
Antes da exibição do longa-metragem que abriu a programação de filmes do SXSW Sydney, um manifesto apareceu na tela reconhecendo a contribuição dos povos originários para ao país. A mesma tela com o manifesto seria exibida antes de todas as palestras do festival.
Alcoolismo, feminismo e um thriller com a cara do SXSW
‘The Hotel Royal’, da diretora australiana Kitty Green, foi o filme escolhido para abrir a programação de filmes do festival.
O longa inspirado em fatos reais conta a história de duas jovens canadenses que arrumam um emprego temporário em um bar numa região no meio da Austrália dominada por homens, a maioria trabalhadores em uma mina do vilarejo.
“O Hotel Royal pode ser qualquer bar que você encontre em qualquer lugar do mundo”, disse a diretora pouco antes do filme começar. Trata-se de uma crítica à cultura machista, mas também ao consumo excessivo de bebidas alcóolicas.
Tenso, mas igualmente divertido, o filme conduz a platéia em uma escalada de situações que culmina em um final surpreendente.
Ironicamente, e puro suco da vida real, ao final da exibição todos receberam um par de tickets de drinks para a festa de abertura do SXSW. Contradições de uma sociedade em transição.
A programação oficial de palestras do SXSW inicia-se na segunda-feira, dia 16 de outubro. Confira a cobertura do SXSW Sydney nos destaques do Instagram do oclb ou acesse nossos outros artigos sobre o evento para saber mais.