Sem perrengues e com foco na música: o Primavera Sound São Paulo 2023 mudou de endereço e produtora, mas conseguiu repetir o sucesso da primeira edição.
“Um festival sem perrengue”, foi o que mais ouvimos andando pelo Autódromo de Interlagos neste fim de semana de Primavera Sound São Paulo. Com um público aproximado de 50 mil pessoas por dia, o evento cravou sua posição como um dos principais no Brasil, oferecendo uma alternativa aos mega festivais e festivais de nicho.
Com muitos shows e presença tímida das marcas, o tamanho da estrutura e cuidados com o público foi também o que possibilitou uma experiência mais confortável mesmo para quem esteve sob o sol de 35ºC durante os dois dias de evento. Vamos aos pontos que marcaram o Primavera Sound São Paulo 2023.
Nem um festival de nicho, nem um mega festival
O Primavera Sound São Paulo 2023 cresceu em relação à edição de estreia no ano passado, mas não aderiu à dimensão dos mega festivais para 100 mil pessoas que também acontecem em Interlagos, como Lollapalooza e The Town. Optando por manter um tamanho médio, registrando um público aproximado de 50 mil pessoas por dia, o festival pôde manter a sua particularidade de mesclar grandes nomes da música global com boas descobertas.
Uma menor capacidade de público também refletiu no mapa do evento, que optou por reduzir a área que costuma ser utilizada por festivais no local. A soma de uma menor distância entre os quatro palcos com um menor fluxo de pessoas resultou numa experiência menos exaustiva para quem foi ao evento.
Haja água e protetor solar (e teve muito)
O tempo esteve do lado do Primavera Sound. O dia ensolarado fez muita diferença para uma boa experiência no festival. Mas bendito seja o acaso (ou planejamento certeiro) que levou a Neutrogena a patrocinar o festival este ano. Como o evento começava antes das 13 horas, a distribuição de protetor solar da marca foi o que salvou muita gente sob o sol forte de 35ºC durante a tarde.
A distribuição gratuita de água também foi um acerto da produção. Seja para usar os copos exclusivos e gratuitos do Primavera nos bebedouros, disponibilizados também na edição anterior, ou para retirada de água gelada em todos os palcos do festival. Dado as tragédias recentes que aconteceram no show da Taylor Swift, realizado também pela Time For Fun, a produção apresentou o dobro de atenção com o bem-estar do público no festival, inclusive com muitos comunicados nos telões dos palcos entre os shows, orientando o público com mensagens de hidratação e proteção.
Não tem pra onde fugir: com a acentuação da emergência climática, será cada vez mais pertinente as ações de marca com capa de chuva, protetor solar, leques e a distribuição de água nos eventos.
O público disposto ao novo
Num mesmo dia, você poderia ver um show da banda de shoegaze Just Mustard, seguir pro eletrônico da Róisín Murphy (nosso show favorito) e mais tarde conferir quase três horas de uma apresentação dos clássicos do The Cure. Ou assistir ao show do pop rock The Killers e depois ir para a arena TNT Club para curtir o DJ set do mineiro Vhoor. Apesar de ter reduzido a diversidade de gêneros musicais no lineup, o Primavera Sound São Paulo se manteve um festival para todos os gostos e moods. Para esta edição, o evento também contou com o selo Igual do Women’s Music Event, garantindo seu compromisso com um lineup 50% feminino.
E o público parecia ter mais familiaridade com festivais do que costumamos ver nos super eventos. Aparentando ser em maioria 30+, eles aderiram ao clima de descobertas e despretensão para assistir aos shows. Poucos foram aqueles super fãs que ficaram na grade da entrada até a hora do headliner. Era um festival de fluxo, com um público tranquilo, maduro e interessado na música – e isso funcionou muito bem.
Presença discreta das marcas
Apesar de ouvirmos muito que Primavera Sound é um “festival de música e não de marcas”, elas estavam presentes. Ainda que de forma mais discreta.
A Corona, que apresentou o evento, também nomeou o palco principal e contou com um belo e exclusivo lounge com vista para os shows mais aguardados. O compromisso sustentável guiou a ação da marca no evento, promovendo o plantio de árvores com base no número de visitantes do seu lounge e oferecendo ao público um copo reutilizável fabricado 100% com plástico coletado do litoral brasileiro. Além disso, todos os materiais utilizados na construção do espaço da marca serão reaproveitados.
Já a arena da eletrônica foi assinada pela TNT. Uma das grandes estrelas da edição, o TNT Club contou com uma estrutura remetente ao palco eletrônico de sua edição espanhola e cativou tanto o público que, por vezes, ficou pequeno demais pra demanda.
O Banco do Brasil, patrocinador master e meio de pagamento oficial, foi o responsável pela pulseira cashless e também produziu um estande que ficava próximo ao palco São Paulo.
Algumas outras marcas também optaram pelos estandes para fotos, como a Latam Airlines, e outras seguiram também com os brindes úteis como os bucket hat da Jameson, que foram rapidamente aderidos pelo público que buscava uma proteção do sol.
Já a Hellmann’s montou estações de distribuição de molhos da marca nas praças de alimentação – mas nos perguntamos se não foi uma ação arriscada diante das altas temperaturas no fim de semana do festival.
Ajustes finos para um festival ainda mais redondo
Outras questões surgiram ao longo do festival. O sol foi um aliado para o evento, mas também notamos a ausência de áreas de sombra e descanso para o público. Esse é um ponto a ser aprimorado para o próximo ano.
A qualidade do som também foi motivo de atenção, vazando entre os palcos quando tinham shows simultâneos e chegando a falhar por quase 10 minutos no show de Dorian Electra. No show do The Cure, quem não queria encarar a multidão e ficar mais ao fundo do palco, teve que se concentrar para ignorar as batidas pesadas e animadas do DJ set da Blessed Madonna.
Ainda assim, ao fim do festival, a sensação do público era de ter ido a um evento excelente. As entradas e saídas do Autódromo também foram adaptadas, encurtando e facilitando o percurso de quem foi de transporte público ou de carros de aplicativo e táxi.
O Primavera Sound encerra sua segunda edição mostrando que há espaço para festivais de médio porte no Brasil, que podem ousar mais no lineup, dialogar com marcas e ainda ser confortáveis e acolhedores.
E o próximo encontro já está marcado: 30 de novembro e 1 de dezembro de 2024 no Autódromo de Interlagos. Nos vemos na pista.