É praticamente impossível falar sobre eventos hoje sem considerar o contexto da emergência climática.
Chegamos a produzir um Reels que viralizou ano passado sobre como os eventos já estão sofrendo com extremos de chuvas fortes e sol cortante.
Por isso, mais que nunca, criadores de experiências de hoje precisam se preparar para uma nova realidade.
Para sobrevivermos e prosperarmos, precisamos falar sobre economia circular.
O Eurovision, concurso musical que para a Europa anualmente, aconteceu este mês na Suécia e é um exemplo de economia circular que vale conhecer e se inspirar.
Mas vamos voltar um pouco, começando pelo princípio…
O que é economia circular?
Lembra dos 3R’s da música do Jack Johnson?
Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Esses são os princípios que guiam a economia circular.
A ideia é sempre prolongar a vida útil dos materiais pelo maior tempo possível.
Ou seja, a economia circular é pensada para priorizar o reuso – seja com a finalidade original do produto ou passando por upcycle e reciclagem. O ponto central é o retorno do material para esse ciclo produtivo.
E quando não for possível reaproveitar, o importante é fazer o descarte da melhor forma possível (segue a Laura da Cruz para aprender, recomendamos!).
Agora, como isso é colocado em prática nos eventos?
Lições do Eurovison em Malmö, Suécia
A 68ª edição do Eurovison aconteceu em Malmö, a terceira maior cidade da Suécia.
O que já é uma vantagem: Malmö é uma das cidades suecas que passam por uma transição climática – acompanhando um plano federal de longo prazo para redução das emissões de gases de efeito estufa.
O desafio era conseguir desenvolver esse conceito sustentável ao redor de um evento que já tem seus moldes e histórico no continente.
Foi a partir dos limites desse cenário que eles começaram a desenhar um plano.
Como colocar a economia circular em prática?
O início do plano foi traçar traçar os indicadores de desempenho (KPIs) baseados na economia circular e que definiriam o sucesso desse evento como sustentável. Você pode conferir a lista completa no site oficial da cidade.
Para pôr a iniciativa em prática, a coordenadora de sustentabilidade da cidade de Malmö, Veronika Hoffmann, compartilhou alguns guidelines que a cidade de Malmö seguiu e que podem também te ajudar a pensar no seu próximo evento:
Infraestrutura: A cidade reaproveitou muitos dos espaços que já existiam, como praças, parques, ruas, arenas, negócios locais, entre outros, em vez de construir do zero.
Decorações: Antes de qualquer compra, a equipe checou o estoque da área de eventos e de outras para ver o que poderia ser reutilizado. Quando foi necessário comprar, foram avaliadas as possibilidades de alugar ou pegar emprestado. Caso não houvesse alternativas, a cidade priorizou compras de comércios locais e buscaram produtos reciclados ou com materiais que poderiam ser reutilizados após o evento.
Alimentação: A equipe realizou uma curadoria com foco em produtores locais e de pequeno porte. Distribuíram um guia para o público com dicas dos restaurantes locais, priorizando opções veganas ou vegetarianas e explicando quais têm iniciativas mais sustentáveis. O foco era oferecer uma alimentação com menor impacto climático.
Transporte: A cidade incentivou o uso de transportes coletivos, bicicletas ou caminhadas. Olha só o mapa do evento:
Como estamos falando sobre eventos, é claro que nem tudo sai como imaginamos no cenário ideal.
No caso da Eurovision em Malmö, foi necessário utilizar os materiais de divulgação oficial da Eurovision – que eram fornecidos diretamente pela produção do concurso, sem necessariamente seguir as guidelines traçadas pela organização da cidade.
Além disso, eles também não conseguiram evitar 100% o uso de descartáveis e precisaram produzir novos uniformes para as equipes que trabalharam no local – sem conseguir reutilizar tecidos.
Como a Veronika Hoffmann pontuou, um festival pode ser uma bolha, mas serve como inspiração para repensar a forma como convivemos com a natureza e sociedade. Estar conectado com a realidade faz algumas necessidades práticas entrarem na frente.
A meta é chegar na economia circular, mas é o esforço para tentar o mais sustentável – verdadeiramente – o que conta.