Estivemos na Expo Osaka (clique para assistir), um dos eventos mais importantes do ano – e provavelmente o maior que já participamos.

O evento encerrou-se na última segunda-feira (13/10). Seus números foram impressionantes:
– 6 meses de duração (184 dias)
– 1,55 Km2 de área (27 campos de futebol)
– 25 milhões de visitantes (só nos 11 primeiros dias, foram 1MM)
– $760MM de dólares de custos operacionais (e lucro líquido na ordem de $150 milhões)
Se ainda não é o suficiente para realizar a dimensão da experiência, pense nisso:
1) O Grand Ring, construção em formato de anel que circunda o evento, entrou para o Guiness como a maior estrutura de madeira do mundo, com 2Km de extensão.
2) Na última semana da Expo, quando estivemos lá, a média diária de público foi de 240 mil pessoas. É praticamente o dobro da presença diária do Rock in Rio.
Disney para Designers de Experiências
Foram 188 no total, sendo 152 dedicados a países e os demais divididos entre patrocinadores e outras entidades.

Participar deles, porém, não foi uma tarefa fácil.
Aliás, aqui fica a primeira – e uma das poucas – críticas à Expo.
Saímos de lá com a impressão de quem criou esses espaços não considerou a quantidade de público diariamente circulando pelos pavilhões.
Alguns dos pavilhões só podiam ser acessados por um complicado sistema de reserva.
Já os “sem reserva” formavam filas enormes, que poderiam durar até 3 horas de duração.
Segundo Google, nintai é a expressão japonesa para paciência e resiliência. Deriva de dois kanjis: “nin”, que significa suportar, e “tai”, de resistir e perseverar.
Para encarar a Expo, é preciso muito nintai, viu?
E foi daí talvez que aprendemos um dos maiores insights da Expo. Esse evento só foi o sucesso que foi graças à cultura dos japoneses.
Infelizmente, é inimaginável pensar num evento desses no Brasil sem que ele seja cancelado nas redes sociais. Ia ter briga na fila, espertinhos querendo furá-la, a fila da “lista amiga” e a fila dos VIPs, que provavelmente seria ainda maior que a do “ingresso pista”.
Nada muito diferente do que já acontece por aqui, não é mesmo?
Mas não no Japão.
Em Osaka, todos não só respeitam as filas, como levam um kit completo para suportá-las de boa: banquinhos portáteis, ventiladores de mãos, sombrinha com proteção UV, lanchinhos e toalhinhas úmidas para refrescar o calor de 35º na nuca. E olha: Ninguém de cara emburrada ou falando alto. Uma aula de coletivismo, educação e respeito.
Talvez isso também explique porque vimos tantos idosos, PCDs e famílias com bebês no colo nas filas aguardando a sua vez de entrar em um dos pavilhões.
Aliás, esse é outro aspecto notável da Expo Osaka: um evento que também é uma masterclass em inclusão e acessibilidade.
Presença Brasileira: Por dentro dos Pavilhões

Os pavilhões foram projetados como uma resposta de cada país ao tema da Expo: “projetando uma sociedade futura para nossas vidas”.
Cada um foi criado como uma espécie de cartão de visitas em forma de experiências.
Alguns, como Portugal, Espanha e Austrália, trouxeram a importância dos oceanos e da natureza como elemento central narrativo.
Outros, como a Arábia Saudita, Bélgica e China, as suas contribuições científicas para o futuro da humanidade.
No geral, essas experiências foram apresentadas por meio de uma narrativa tradicional, com muitos vídeos, textos explicativos, elementos identitários e símbolos culturais.
Mas houve também os pavilhões que apostaram em sensações, investindo em experiências artísticas e conceituais.
Essa foi a proposta do Pavilhão do Brasil, projetada pela arquiteta Bia Lessa, como um convite para a reflexão sobre diversidade, convivência e preservação ambiental. Esculturas infláveis que “respiram”, obras de artistas brasileiros e a criação do “parangoromo”, uma fusão do parangolé brasileiro de Helio Oiticica e o hagoromo japonês, que os visitantes podiam vestir e interagir.
Cingapura também propôs um espaço imersivo, cujo objetivo era convidar os participantes a vivenciarem como sonhos se tornam realidade. Instalações combinando arte e tecnologia ilustravam valores de inovação, resiliência e sustentabilidade, que moldam o futuro da da cidade-país.
