Em meio a muitas controvérsias, pés atrás e especulações, ela vem aí: as Olimpíadas!
E a dúvida que não quer calar é se o mundo já está preparado para a realização de um megaevento como esse, que ainda por cima envolve diversas nacionalidades (o medo das misturas de cepa é real!).
Não tem como não dizer que esse vai ser, ou melhor, já está sendo, um baita desafio. Começando pelo fato que estamos perto da abertura dos jogos e a situação do Japão é bem complicada, com apenas 32% da população vacinada. No último dia 8, o país decretou estado de emergência, e por isso, a maior parte das competições não terá presença de público, uma recomendação inclusive feita por médicos e especialistas do Japão.
Mas se dependesse da maioria da população do país, os jogos nem mesmo aconteceriam por lá. Uma pesquisa do instituto Ipsos mostra que 78% dos japoneses são contra. Inclusive, já até rolou uma tentativa de apagar a tocha olímpica com uma arminha d´água em forma de protesto. “Apague a chama Olímpica! Oponha-se às Olimpíadas de Tóquio!” foi o grito de repúdio.
Ainda nem tivemos a abertura oficial dos jogos e os casos de Covid-19 já começaram a pipocar. Alguns foram detectados em hotéis que estão recebendo as delegações, como o que está hospedando a seleção de judô do Brasil, mas já foram confirmados também os primeiros casos dentro da própria vila olímpica.
Apesar disso, Thomas Bach, o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), diz que o risco de um surto de Covid é zero, e que como medida preventiva, já foram realizados mais de 8 mil testes.
A organização acredita que o aparecimento de alguns casos seria mesmo inevitável, e por isso, a vila olímpica conta com uma espécie de centro de controle anti-covid, que vai ditar as medidas necessárias para conter a proliferação do vírus, como o isolamento de todos os atletas que testarem positivo.
Mas o que vai acontecer se uma pessoa pegar Covid entre uma fase e outra? Aí é que entra uma condição totalmente inédita mas necessária nesses tempos pandêmicos: o atleta que testar positivo não será “punido”, ou seja, ele vai manter o que conquistou até o momento em que competiu.
Por exemplo: se uma dupla do vôlei de praia passar para a final, mas tiver que ser isolada por conta de um resultado positivo de Covid, pelo menos a medalha de prata vai ficar garantida.
Provavelmente você deve estar se perguntando se além dos testes os atletas também precisaram se vacinar para competir, e a resposta é: não.
Essa é uma medida que gera muita polêmica e debate sobre liberdade individual. Em alguns eventos pelo mundo esse comprovante de vacinação já é um pré-requisito, pois em um momento emergencial, parece ser uma saída.
O COI, porém, foi na contramão e decidiu não adotar tal norma. Assim, a decisão de se vacinar ou não ficou a cargo dos atletas, embora o Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio tenha recomendado a imunização e até tenha recebido apoio das farmacêuticas Pfizer e Sinovac, que doaram vacinas para serem distribuídas entre as delegações.
Na comitiva brasileira, aproximadamente 30 atletas se recusaram a se vacinar, mas os seus nomes foram preservados.
É fato que existe muita coisa em jogo na realização das Olimpíadas, não só a expectativa desses atletas, já que é esse é o momento que eles recebem o retorno de anos de dedicação aos treinos (já adiada em um ano), como também existe uma questão financeira. Ora, ora, sabemos que o dinheiro sempre pesa em uma movimentação gigante como essa.
Além do mais, as cláusulas contratuais para receber um evento desse porte são muitas, e para cancelar a dor de cabeça pode ser até maior que a do risco de contaminação pela equipe técnica ou atletas . É uma decisão que envolve não só o governo de Tóquio e o COI, como também patrocinadores, donos de redes televisivas, portais de notícias etc.
Então a real é essa: as Olimpíadas estão prestes a acontecer! E o mundo todo está de olho nessa edição que está empenhada em fazer colar a ideia de “seguir em frente”. Segundo os organizadores, a intenção é despertar na sociedade um sentimento de esperança para o futuro.
Mesmo nesse momento controverso, a gente espera que ao menos algumas iniciativas fiquem como exemplo para as próximas edições, como a fabricação das medalhas 100% a partir do reaproveitamento de metais de lixo eletrônico e a inclusão do compromisso com a igualdade no juramento dos atletas.
E claro: bora ficar de olho em quem vai representar o esporte brasileiro, principalmente no surf e no skate, modalidades que vão estrear nas olimpíadas esse ano e que o Brasil tem grandes chances de trazer a medalha para casa.