O K-Pop é um dos gêneros musicais mais amados pela geração Z e também uma máquina de bater recorde atrás de recorde, lançar tendências e conquistar uma legião de fãs ao redor do mundo. O filme Parasita foi aclamado pela crítica e foi o primeiro a vencer o Oscar, o Cannes e a Palma de Ouro no mesmo ano. E claro, Round 6 foi (e ainda é) o assunto do momento – também alcançando feitos incríveis, como por exemplo, ser a série mais assistida da história da Netflix!
Essas 3 produções que citamos aqui tem em comum o fato de terem como origem a Coreia do Sul. E fica aquela pulga atrás da orelha: como um país que é do tamanho de Pernambuco conseguiu bater recordes surreais?
Não, não é mera coincidência, como vocês devem imaginar. Tudo isso é reflexo de um governo que leva a sério a cultura, garantindo um investimento massivo a essa área.
Lá, além de parte do orçamento do país ser destinado para a promoção da indústria cultural coreana, o governo sul coreano também aplicou uma lei de isenção de impostos para empresas que desenvolvessem produtos culturais. Isso possibilitou, por exemplo, o crescimento das enormes gravadoras SM Entertainment, JYP e YG.
O protagonismo da Coreia do Sul em diversas áreas tem até um nome próprio: Hallyu, a onda cultural coreana que colocou a música, jogos, filmes, roupas e produtos de beleza entre os itens de desejo de consumo do mundo todo.
Se o século 19 foi da Europa e o 20 dos EUA, sem dúvidas o século 21 já é dos países asiáticos (pelo menos nessa década). E à medida que as nações vão entendendo a cultura como uma forma de expansão de poder, poderemos ver outros países colhendo os mesmos frutos no futuro.
Vamos falar de Brasil? Independente de partidos, é triste encarar a realidade de que o nosso país tem um potencial cultural infinitamente maior que a Coreia, mas trata esse assunto como se fosse irrelevante.
Nos últimos anos, vimos a cultura ser desmantelada aos nossos olhos, extinção do ministério da cultura, museus pegando fogo, a depreciação da Lei Rouanet, livrarias fechando as portas, orçamento federal para a cultura sendo enxugado… São fatos esses, não opiniões.
E tudo isso se intensificou com a pandemia. Produtores culturais, artistas e demais pessoas que trabalham com artes e entretenimento sofreram um baque. Ainda assim, no processo de reinvenção, tivemos um número muito significativo: 8 das 10 lives mais vistas no mundo em 2020 foram brasileiras. Marília Mendonça, inclusive, ficou a frente do grupo BTS no ranking.
Imagina em um cenário que o fomento à cultura no Brasil fosse de fato um pilar estratégico, a potência que nosso país seria?
Torcemos para que com a volta dos eventos, o setor do entretenimento possa se reerguer, que as pessoas consumam mais as exposições, shows, peças de teatro e as mais variadas manifestações artísticas desse nosso país multicultural.
Mas infelizmente não basta só a vontade do povo, falta política pública e o entendimento de que a cultura deve ser encarada como uma força motora do país. O Brasil já exportou ao mundo o samba, a bossa nova, o futebol arte… O mundo ainda se encanta com essa imagem, mas falta renovação, falta uma identidade alinhada com os desafios do século XX!, que continue encantando o mundo, especialmente nesse momento em que o país vive uma de suas piores crises políticas de toda a sua história.
Ainda mais com a crise econômica, o desemprego elevado e o medo sempre presente da pandemia, deve existir um planejamento muito bem feito por parte do governo federal para que o setor cultural venha a ser nosso símbolo de orgulho para o mundo novamente.
Ainda dá tempo. Só precisamos começar a olhar para a cultura de uma forma estratégica novamente. Que a Coreia do Sul seja um exemplo que reverbere em alguma mudança por aqui também. E que os próximos Parasitas, Round 6 e hits da música pop mundial venham desse Brasil que canta, sofre, dança e rala, e, apesar de tudo, ainda é feliz.