8 lineups de festivais que entraram para a história

Festival de Música
Foto de Jonathan Borba / Pexels

Os lineups de festivais de música são o carro chefe para o sucesso do evento e o interesse do público, certo? Sim, em parte. É claro que há outros fatores importantes para que as pessoas se interessem por um festival, sejam as experiências, infraestrutura, local e preço dos ingressos, enfim… um mix de variáveis que precisam estar alinhadas.

Porém, entretanto, contudo, todavia, é inegável que um lineup é a vitrine, o chamariz, a chave para a venda dos ingressos.

Além disso, segundo um conceito que criamos em 2015, quando fundamos o (saudoso) Projeto Pulso, “os festivais de música são ótimas antenas para captar os sinais do espírito de um tempo” e um lineup verdadeiramente alinhado com as tensões culturais de uma determinada época acaba tornando-se um marco histórico.  

Para inspirar criadores de experiências, selecionamos 8 lineups de festivais que entraram para a história e que podem servir como inspiração para os futuros festivais.

1 – Woodstock (1969): o festival dos festivais

Não daria para começar diferente. Falar de festival histórico é falar do Woodstock, que aconteceu entre 15 e 18 de agosto de 1969, em Bethel, New York. O sonho de 4 jovens amigos (Artie Kornfield, Joel Rosenman, Michael Lang e John Roberts) que virou realidade atraiu mais de 500 mil pessoas e teve nomes como Janis Joplin, Grateful Dead e The Who no lineup. 

A simbologia do evento já era um marco e ele aconteceu em um contexto de muita agitação política e social nos Estados Unidos (guerra do Vietnã, ascensão da juventude e movimentos feministas para citar alguns).esse contexto estimulava o cenário de efervescência cultural. 

A contracultura veio para questionar o american way of life, expressão usada para referir-se ao estilo de vida norte-americano baseado no consumismo e a escolha do lineup não foi por acaso. Afinal, ver Jimi Hendrix, um artista preto e talentosíssimo como atração principal tocando “Fire” no palco, foi no mínimo de arrepiar a alma. 

2 – Festival Cultural do Harlem (1969): o Woodstock negro que teve o apoio dos Panteras Negras

No dia 20 de julho de 1969, o homem pisou na Lua. Neste mesmo dia um outro evento histórico iniciava. Mas este não foi televisionado e permaneceu como uma memória distante dos que participaram dele, até ser recuperado no filme “Summer of soul (…Ou, quando a revolução não pode ser televisionada)”

Estamos falando do Festival Cultural do Harlem, que rolou no Mount Morris Park (atual Marcus Garvey Park). O evento foi uma série de shows que durou seis fins de semana do verão de 69 americano. Uma multidão se reuniu para assistir aos shows de Stevie Wonder, Nina Simone, Sly & the Family Stone, BB King, Gladys Knight & the Pips, entre vários outros.

Segundo o documentário Summer of Soul, que foi um dos pré-indicados ao Oscar 2022 e um dos filmes favoritos de do ex-presidente Barack Obama, o festival contou com o apoio do prefeito de Nova York, o republicano John Lindsay, e dos Panteras Negras, que ficaram responsáveis pela segurança do local. Era tudo de graça e aberto para a família, uma verdadeira celebração da resistência da cultura preta. 

Assista ao trailer do longa: 

3 – Live Aid (1985): o festival que se propôs a reduzir a fome na Etiópia

Live Aid foi um dia de shows realizado em 13 de julho de 1985, no Wembley Stadium em Londres, que contou com uma plateia de aproximadamente 82 mil pessoas, e no John F. Kennedy Stadium, na Filadélfia, com uma média de 99 mil pessoas no dia. 

Esta, que foi uma das maiores transmissões em larga escala por satélite e de televisão de todos os tempos – estima-se que quase dois bilhões de espectadores, em mais de 100 países tenham assistido a apresentação ao vivo – tinha como objetivo de arrecadar fundos a fim de acabar com a fome na Etiópia. 

O lineup foi tão gigantesco quanto a motivação do evento, contando com ícones da música mundial como Queen, David Bowie, U2, The Who e Paul McCartney.

Para assistir ao show da banda Queen, no Live Aid, clique aqui.

4 – Rock in Rio (1985): o 1º grande festival internacional do Brasil

O Rock in Rio estreou em janeiro de 1985, organizado pelo empresário Roberto Medina, ocorreu em um terreno de 250 mil m² que ficou conhecido como a “Cidade do Rock”, na cidade do Rio de Janeiro. 

Um evento considerado um marco na história porque – até aquela época – não era comum que artistas estrangeiros fizessem shows na América do Sul.

Falando em artistas gringos, o lineup contou com AC/DC, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, Whitesnake, George Benson, James Taylor, Al Jarreau, Rod Stewart, Queen, e muitos outros. A banda Queen cantou e tocou para um público de mais de 250 mil pessoas, elegendo este show como um dos melhores shows que eles já fizeram na carreira. 

Também rolou a participação de brasileiros como Barão Vermelho, Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Gilberto Gil, Lulu Santos e muito mais. 

5 – Primavera Sound (2019): o primeiro grande festival a trazer a equidade de gêneros no lineup

Na sua edição de 2019. em Barcelona, o Primavera Sound usou de criatividade e consciência para levantar uma bandeira importantíssima no mundo do entretenimento, a equidade de gêneros. 

O mais curioso é que provavelmente este foi o primeiro grande festival de música do mundo a se posicionar desta forma.

Foram convocados mais de 226 artistas, sendo mais de 50% de mulheres, dos mais variados estilos. Do metal ao reggaeton, além do pop, o hip hop, o jazz, a música eletrônica experimental, o trap e o indie rock. 

No lineup entre os nomes que se apresentaram foram Erykah Badu, Cardi B, Janelle Monáe, Solange, Rosalía e Linn da Quebrada, uma mulher trans, foi quem representou o Brasil no festival. 

6 – Festival GRLS! (2020): e a era do protagonismo feminino nos festivais brasileiros

Já aqui no Brasil, em 2020 acontecia o GRLS!, que na sua estréia, no Memorial da América Latina (São Paulo), recebeu Kylie Minogue e Little Mix entre as atrações internacionais e Gaby Amarantos, Ludmilla e Linn da Quebrada entre as artistas nacionais.

Em meados de 2016 e 2017 os festivais feministas ganhavam espaço na cena e além do GRLS! também rolaram o “Sonora – Festival Internacional de Compositoras” um evento que passou por 16 países mostrando e incentivando a força da mulher compositora. Também temos o Women’s Music Event, um festival, conferência, premiação e mais um universo de apoio a cultura e força da mulher, que nasceu praticamente junto com o SÊLA, que lá em 2017, surgiu como uma iniciativa de valorização da mulher no mercado da música e acabou se transformando em um festival musical e outros eventos como o MANA, Maria Bonita Fest, Festival Delas, entre outros.

Em uma pegada mais comercial, trazendo um palco feminino com atrações também da gringa, o GRLS ganhou repercussão e já se prepara para a próxima edição depois que vai acontecer entre os dias 4 e 5 de março de 2023. Gayle, Blu Detiger, Sandy e Majur são algumas das estrelas confirmadas.

7 – Rock The Mountain (2023): comemora seus 10 anos de existência com um line up 100% feminino

Após duas edições históricas em 2022, o festival Rock The Mountain de 2023 traz um lineup 100% feminino de artistas brasileiras.

A iniciativa surgiu em comemoração aos 10 anos de vida do festival que, apesar de não ter nascido do feminismo conseguiu levantar a bandeira de forma criativa e importante através da escolha desse lineup.

Os organizadores construiram esse lineup histórico em parceria com o Women’s Music Event, uma plataforma que engloba conferências, premiações e festival buscanco trazer a equidade e diversidade em line-ups e equipes de eventos musicais em todo o país. Vale conhecer!

O compromisso assumido pelo festival foi de ter pelo menos 50% das artistas mulheres e pessoas trans e não-binárias assim como equidade racial já nas próximas edições. 

8 – Coachella (2023): o 1º lineup de um dos maiores festivais do mundo composto de 3 headliners não-brancos

A escalação histórica do Coachella 2023 está dando o que falar, positivamente, claro. 

Tudo isso porque o trio de headliners (atrações principais) deste ano é especialmente representativo, já que Bad Bunny e BLACKPINK quebrarão barreiras como os primeiros artistas latinos e coreanos a encabeçar o Coachella. 

Na verdade, Bad Bunny é o primeiro artista latino estar entre os principais de em qualquer grande festival de música americano. Enquanto isso, Frank Ocean fará seu tão esperado retorno ao palco para a primeira apresentação ao vivo confirmada em seis anos.

Ou seja, os dias 14 a 16 e 21 a 23 de abril prometem ficar marcados para sempre. 

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