NFTs, sistemas de detecção de fraude e estandes gerados por IA generativa são algumas das soluções que estão ganhando espaço e devem se popularizar no mercado de eventos.
O mercado de eventos está sendo desconstruídos e reconstruídos. Os últimos dois anos foram de adaptação para esse mercado, em um momento de consolidar e aperfeiçoar eventos híbridos e melhorar a experiência nos presenciais. O SXSW, por exemplo, neste ano teve como foco o presencial, com suas tradicionais ativações de marca, workshops e happy hours – sem deixar de lado a experiência com o conteúdo online.
E foi um sucesso de público em ambas as frentes. A Eventbase, empresa provedora do app do SXSW 2023 e também responsável por eventos como a CES e Olimpíadas, chegou a receber 2.300 pedidos por segundo para acesso online, segundo seu fundador, Ben West. Mas qual é o próximo passo para a indústria de eventos? Quais outras tecnologias devem trazer diferenciação nos próximos cinco a dez anos?
Acabamos de voltar do SXSW, e levantamos tendências e exemplos fresquinhos de eventos realizados na gringa com tecnologias emergentes – de festivais de música a conferências. Bora conhecer startups e soluções mais promissoras para os eventos?
Realidade virtual e aumentada no mercado de eventos
Os eventos híbridos e 100% virtuais já viraram feijão com arroz. Mas o futuro deles tem a ver com entregar algo a mais e misturar transmissões ao vivo, realidade aumentada e mista para quem frequenta pessoalmente ou online. No SXSW, criativos e líderes à frente do Coachella, CES e experiências para marcas dividiram exemplos de eventos que já aconteceram com realidade virtual, aumentada e estendida.
A organização do Coachella, por exemplo, desvendou bastidores do Coachellaverse, experiência híbrida realizada para o Coachella 2022, que teve tanto a versão presencial como digital com elementos do metaverso. Quem assistiu de casa teve a chance de ver elementos em realidade aumentada e animações transmitidas em tempo real nos palcos. Também havia um metaverso idêntico à versão física onde usuários podiam passear, conhecer ativações e chegar aos palcos virtualmente.
“Conhecemos o Coachella por causa da experiência física com performances, instalações de arte, ativações de marcas de comida e bebida. Mas também há essa camada virtual do festival que estamos desenvolvendo com novas tecnologias que permitem que os fãs atravessem o espectro físico e virtual em vários pontos de contato”, explicou o líder de inovação do Coachella, Sam Schoonover.
Softwares de AR como o ARway.ai também já permitem que visitantes de eventos e ativações acessem demonstrações de produtos em 3D e façam passeios virtuais pelos eventos.
Já em outra frente, o teatro, a Royal Shakespeare Company realizou uma performance online e ao vivo da peça “Dream”, de William Shakespeare, usando sensores para transmitir os movimentos dos atores em realidade virtual para o público em casa. Um ótimo exemplo de VRL aplicada a performances ao vivo!
Aproximação do mercado de eventos com a indústria de games
Se você ainda não fortaleceu o networking com plataformas e distribuidores de games, é hora de fomentar estas relações. Produtoras de live marketing e shows também devem se aproximar cada vez mais da indústria de games e VR.
Um exemplo mostrado no SXSW foi o show do cantor Lil Nas X, transmitido inteiramente com animação no Roblox em 2021 – ação que está ficando mais comum entre artistas.
No varejo, marcas como Forever 21 e Nike possuem comunidades com milhões de usuários em ambientes como o Roblox e promovem eventos virtuais nestas comunidades.
Durante o SXSW, quem passou pelo XR Exhibtion também pode conferir o que nos espera no futuro presente do entretenimento ao vivo com a apresentação em realidade virtual ultrarealista da banda de K-Pop aespa.
Detectores de bots e fraudes
Quem acompanha o mercado mundial de eventos sabe da polêmica em torno das operadoras de venda de ingressos, e fraudes e bots na venda de entradas para shows, principalmente. Um dos exemplos que mais repercutiu recentemente foi o da tour da Taylor Swift, que deixou os fãs fulos da vida por terem que competir com cambistas e bots e ver ingressos esgotados em segundos (fenômeno que também acontece no Brasil).
Pois alguns painéis do SXSW se debruçaram sobre o debate judicial envolvendo empresas como a Live Nation, enquanto outros trouxeram exemplos de soluções de verificação de identidade para a venda de ingressos.
Uma delas é a Identity, aplicativo de verificação de identidade para provedores de eventos e consumidores e que ajuda a provar a titularidade de ingressos através de reconhecimento facial e dados biométricos.
Aliás, a tendência é que softwares de reconhecimento facial e de revenda autorizada de ingressos cheguem ao Brasil para tentar contornar bots e o mercado paralelo de ingressos que prejudica fãs e empresas de eventos.
IA generativa para criação de layouts de ativações de marcas
A IA generativa foi um dos temas mais abordados do SXSW, e os eventos não vão escapar desse avanço, para a alegria dos planners e gerentes de eventos. Ainda bem!
Um dos exemplos de IA aplicada a eventos é a startup Nextech3D.AI, que fornece modelos 3D gerados por IA para layouts de estandes e ativações. A empresa já trabalhou com marcas como Amazon, P&G e Kohls.
A solução tem um sistema de navegação em realidade aumentada com computação espacial, que dispensa programação.
Especialistas também recomendaram o uso do Chat-GPT e Dall-E para otimizar a criação de descrições e peças gráficas para eventos. Mas não como substitutos de profissionais criativos.
Gestão de fornecedores inteligente
Também vale a pena conhecer softwares de gestão com foco em gestão de eventos como a própria Nextech3D.IA, que permite gerenciar expositores, mapear o tráfego de visitantes em tempo real, rastrear pagamentos de fornecedores e atribuir localizações de expositores direto pelo aplicativo.
NFTs colecionáveis como carteira de ingressos
Os Non-Fungeable-Tokens (NFTs) passaram por uma hipervalorização e especulação, mas no mercado de eventos podem ser muito úteis para verificação de identidade e aumentar o engajamento do público.
Um exemplo é a Coinbase, empresa que vende NFTs como arte colecionável e uma espécie de “carteira de ingressos” ao mesmo tempo. Cada NFT vendida pela Coinbase é uma obra de arte colecionável e dá acesso à compra de múltiplos ingressos ao longo do ano, e o dono pode vender o NFT a qualquer momento.
Os donos das NFTs também concorrem a prêmios randomicamente, como dinheiro, ingressos e outros benefícios.
Gamificação e tokens para fidelização
Populares no varejo tradicional, os programas de fidelidade e gamificação também tendem a ser incorporados nos eventos.
A Coinbase, mesma empresa dos NFTs, está testando mecanismos de gamificação e recompensas com eventos parceiros. Quando o usuário responde a pesquisas, conforme frequenta mais eventos e engaja mais com o conteúdo e fórum online, ganha pontos que podem ser revertidos em produtos de merchandising, descontos em ingressos, entre outros benefícios.
“O mercado de eventos está seguindo essa tendência de tokenização. Se olharmos como base o mundo cripto, ele cresceu com base em comunidades que realmente se envolvem e se auto identificam através dos tokens”, disse Michael Casey, Chief Content Officer da Coinbase.
Integração de APIs para personalização de experiência e curadoria
E se você pudesse entrar em um app de um evento e ver a programação de uma conferência personalizada para você, de acordo com seus interesses e padrões de navegação online e no Spotify, por exemplo?
Cada vez mais, APIs de soluções de eventos estão sendo integradas com soluções de Analytics e sistemas externos.
No futuro, isso vai permitir a criação de uma experiência mais personalizada e possibilidades de monetização. Empresas poderão, por exemplo, entender mais a fundo o comportamento do público de eventos e serem mais assertivas na negociação com patrocinadores.
Foco na experiência do usuário
Em muitos casos, produzir e frequentar eventos envolve o acesso a múltiplos sistemas, muitos cadastros e logins em plataformas diferentes. Sean Perkins, Vice President de Marketing da CES (Consumer Technology Association), esteve no SXSW e acredita que empresas de eventos tendem a investir cada vez mais em UX.
“A experiência com um evento precisa ser simples e fácil para o público e organização. Não dá mais para ter muitos logins e muitos passos para realizar as coisas”, opinou.
Engajamento 365 dias do ano
A ativação de comunidades para além das datas do evento também é uma tendência quente. Por que não criar uma comunidade no Reddit ou Discord? Ou então fomentar discussões em comunidades existentes do seu nicho?
“As pessoas buscam networking e experiências hands-on com eventos. É importante conectar com a comunidade ao longo do ano todo”, avaliou Sherry Huss, cofundadora da Maker Fair e Head de Comunidade da Freeman Co.
E estas foram as principais tendências que mapeamos no SXSW 2023! Para conferir mais análises sobre megaeventos como esse, fique de olho aqui, nas nossas redes ou assine a cápsula, a nossa newsletter gratuita.
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