Você notou o boom dos eventos e festivais de bem-estar?
Faça o teste: abra suas redes sociais no fim de semana e repare em quantos conhecidos estão investidos em coletivos de corrida ou ciclismo, participando de maratonas, fazendo trilha, yoga, pilates…
O wellness está mais pop do que nunca, e o mercado de eventos está acompanhando esse movimento.
Eventos esportivos e de bem-estar não são novidade, assim como a festivalização da cultura — um fenômeno que acompanhamos desde 2015 no Projeto Pulso.
Mas, agora, esses eventos estão mudando de forma e propósito, criando novas oportunidades para marcas, organizadores e patrocinadores.
Uma resposta à desconexão
Lembra quando falamos que eventos são a cola social para um mundo fragmentado? Some isso a uma geração cada vez mais interessada em bem-estar e fica claro por que os eventos esportivos e de wellness estão em alta.
A Geração Z, que dorme mais cedo, consome menos álcool (lembra do sober curious?) e investe pesado em skincare, é um dos principais motores dessa mudança.
Estão nos dados: nos EUA, 56% dos Gen Z consideram o fitness uma prioridade, muito acima da média da população geral (40%).
Por outro lado, essa também é a geração mais solitária.
Enquanto corremos atrás dos prejuízos da individualização, os eventos esportivos e de bem-estar aparecem como a resposta ideal para uma geração que anseia por conexão, mas que tem um distanciamento das formas de socialização mais tradicionais como baladas noturnas, clubes e festivais.
Aqui entram os eventos de wellness: uma experiência que une performance, pertencimento e entretenimento.
A nova era dos festivais de bem-estar
Desde 2009, o Wanderlust já se posicionava como um dos primeiros festivais de wellness, misturando yoga, meditação e música. Mas hoje, a pegada mudou: não se trata mais apenas de introspecção, e sim de conexão.
Olha só o line-up do Runningman Festival, por exemplo:

Parece um festival de música, né? Mas ele se descreve como “uma experiência de saúde e bem-estar”.
No line-up, podemos ver uma mistura de atividades esportivas e culturais – com a maior sauna do mundo em destaque acima do show do Mike Posner.
Já vimos essa “festivalização” acontecer com as conferências corporativas, e agora o mesmo acontece com os eventos esportivos e festivais de bem-estar.
Mega estruturas de cenografia e produção, programação extensa e variada, ativações de marcas, comunicação visual cool e descontraída…
Os festivais de wellness parecem se transformar cada vez mais em eventos de entretenimento onde você sai renovado.
Wellness como experiência, pertencimento e oportunidade
Festivais, coletivos de corrida de rua e grupos de ciclismo deixaram de ser apenas espaços para exercício físico. Tornaram-se pontos de conexão, identidade e, por que não, networking e flerte.
Já ouviu dizer que Strava é o novo Tinder? Pois é… Nos clubes de corrida, já rola até código: usar meia azul significava estar solteiro.
Embora o universo fitness ainda carregue narrativas individualistas (vale ouvir este podcast da Revista Gama), os eventos de wellness apontam para o oposto: pertencimento.
E isso se reflete no mercado.
O setor de bem-estar movimentou US$1,8 trilhão globalmente em 2024, abrindo espaço para novos formatos, colaborações e ativações de marca.
No Brasil, esse movimento ganha ainda mais relevância. Somos o segundo país que mais praticou corrida de rua no mundo em 2024, e coletivos como o City Runners mostram como parcerias com marcas podem criar comunidades fortes e mobilizar públicos deste segmento.
É também a oportunidade que iniciativas como a Chapadinha de Endorfina, do grupo Obvious, embarcaram para trazer o público online para eventos presenciais.
No fim das contas, o wellness deixou de ser só sobre saúde física e virou um novo jeito de se conectar com o mundo – e com os outros.
E para o mercado de eventos, isso significa um universo de possibilidades, onde cada experiência pode ser a linha de chegada para novas comunidades e oportunidades.