Fim da maratona de Rock in Rio 2024. Ufa…
Estivemos em dois dias de festival e também no Rock in Rio Academy (a resenha deste Live Case Study você pode conferir aqui).
É inegável como a cidade do Rio de Janeiro respira o evento por alguns dias, né? Na verdade, é um período de imersão até mesmo para quem não está na cidade.
Os números falam: a transmissão da Globo bateu recordes de audiência logo no primeiro dia de evento, além do recorde na conexão com a internet durante o evento.
Isso se deve em parte à presença massiva de influenciadores digitais, que dominaram os estandes das marcas, e também ao público que produziu uma enxurrada de conteúdo orgânico.
Foram 85 marcas investindo em 130 ativações durante os 07 dias de festa de 40 anos do Rock in Rio. Uma prova inegável da relevância do evento para o mercado de live marketing no Brasil.
Porém, a Cápsula de hoje é um lembrete de que, enquanto o Rock in Rio concentra os holofotes, muitos outros festivais Brasil afora também movimentam a cultura e a economia local — e nem sempre estão no radar das marcas.
Além do eixo Rio-São Paulo
Faça um teste e pesquise “marcas em festivais no nordeste” no Google.
Provavelmente, você vai encontrar artigos sobre o apoio de empresas durante o período de festas juninas.
Esse patrocínio é essencial, como comentamos na Cápsula #198, mas não deve se limitar a este período.
A concentração de investimentos no eixo Rio-São Paulo é uma perda de oportunidade para os dois lados.
Para os eventos deste eixo, que enfrentam ainda mais dificuldade em se viabilizar devido à ausência ou ao baixo investimento de patrocinadores.
Para as marcas, que deixam de dialogar com públicos consumidores importantes ao cair na armadilha de investir apenas no que foi construído enquanto óbvio.
Estar no Rock in Rio, Lollapalooza, The Town etc é estratégico, claro. Porém, investir também em eventos de outros estados é uma oportunidade para uma comunicação mais direcionada e criar laços genuínos com o público.
Em um mercado saturado de informações, onde a atenção é disputada a cada minuto, se nos principais festivais a sua marca é uma entre dezenas, nesses outros festivais existe a oportunidade de se destacar e estabelecer uma presença mais significativa.
Onde investir?
Não podemos ignorar que há o problema da concentração geográfica dos próprios festivais.
Apenas 3% dos festivais brasileiros acontecem no Norte, segundo levantamento do Mapa dos Festivais de 2023. Em comparação, o Nordeste conta com 19% dos festivais, enquanto o Sudeste concentra 57% deles.
Entretanto, os ventos começam a mudar.
Como comentamos na Cápsula 203, Belém do Pará, por exemplo, tem visto um crescimento no número de eventos, impulsionado pelo anúncio da COP-30, que acontece na cidade em 2025.
Mas se 386 marcas apoiaram festivais de música no Brasil só no primeiro semestre de 2024 (18% a mais do que o mesmo período no ano anterior), a questão está na distribuição destes recursos.
Por que investir?
Se Rasgum e Psica em Belém, MADA e Do Sol em Natal, No Ar Coquetel Molotov e Rec Beat em Recife, o Radioca e o Afropunk em Salvador…
Estes são só alguns exemplos de eventos relevantes que constroem suas histórias há anos, por vezes contando também com o apoio de algumas marcas e leis de incentivo.
São eventos que existem e resistem para além dessa ausência massiva dos patrocinadores, movimentando milhares de pessoas e a economia nacional.
O ponto é que as marcas não devem chegar para “salvar” eventos fora do eixo, mas podem, sim, somar e criar uma história em conjunto com públicos que, muitas vezes, são esquecidos nas mesas de reuniões dos seus escritórios.
De forma mais fria, expandir o seu leque de patrocínios é abrir-se para uma oportunidade de mais engajamento e autenticidade ao se relacionar com públicos e eventos onde há menos concorrência.
Mas é também uma chance de gerar impacto positivo e contribuir para o desenvolvimento e valorização cultural de diferentes partes do Brasil.
Há quem já enxergue este potencial.
E para as demais marcas, antes tarde do que nunca: ainda dá tempo de repensar sua estratégia e colocar festivais fora do eixo Rio-SP no radar.
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