Depois de Japão e Coreia do Sul, chegamos à China em nossa missão asiática.
E se você viu alguns dos conteúdos que compartilhamos no Instagram e LinkedIn nos últimos dias, sabe que a experiência tem sido surpreendente.
A China vai além de qualquer expectativa. E teve um encontro que realinhou nossa forma de pensar a inovação nesse país.
Uma aula sobre a China com Yuanpu Huang

Esse é o Yuanpu Huang, influenciador, fundador da EqualOcean e referência em tecnologia e negócios na China.
Tivemos a honra de encontrá-lo pessoalmente em Xangai, em uma conversa-aula que durou quase duas horas e virou uma verdadeira imersão sobre a inovação chinesa.
Yuanpu já publicou boa parte de suas ideias no livro Unpacking China: 50 Essential Q&As for First-Time Visitors, leitura que recomendamos para quem quer conhecer o país sob o ponto de vista de um nativo (e viajante global).
Por aqui, seguem alguns pontos da nossa conversa (e leves spoilers para o livro).
Tecnologia chinesa é só cópia?
Foi-se o tempo da fama de cópias baratas e baixa qualidade dos produtos chineses.
Como Yuanpu nos apontou, esse foi só o início da história.
Copiar fez parte do processo de expansão industrial da China, como já foi para diversos países (os Estados Unidos copiaram a indústria têxtil da Inglaterra, Japão a indústria automobilística dos EUA e a Coreia do Sul a indústria eletrônica do Japão, por exemplo).
A diferença é que a China conseguiu transformar esse impulso em escala e velocidade inéditas.
O que muitos chamam de cópia, na prática, é um país que adquiriu know how incomparável na rápida produção e adaptação local de designs e tendências estrangeiras.
Mas claro que o sucesso comercial chinês não é exclusivo ao olhar externo.
Hoje, muitos produtos, tecnologias e modelos de negócios locais são referências globais.
Pop Mart que o diga, como mostramos neste vídeo.
O resultado é um ecossistema de inovação que hoje não só responde ao mercado global, mas que, cada vez mais, o antecipa.
O mito sobre a cultura do “996”
Já ouviu falar na rotina 9h às 21h, seis dias por semana?
Essa carga horária é um dos símbolos da era de ouro do setor de tecnologia chinês.
Segundo Yuan, essa cultura do esforço coletivo moldou a forma como o país construiu seu avanço digital.
Cidades como Shenzhen, que são a resposta chinesa para o Vale do Silício, ainda enaltecem essa mentalidade.
Isso, de longe, é uma realidade para a maioria da população. Inclusive, no meio online, gírias como “dagong ren” (escravos do trabalho) e “社畜” (gado corporativo) se tornaram rapidamente virais.
Porém, oficialmente, o modelo já não é permitido pelas leis trabalhistas do país.
Esse passo é um reflexo do próprio amadurecimento da China como potência criativa, um país que – no papel – já não precisa trabalhar até a exaustão para provar sua capacidade de inovar.
Tá mais que comprovado, em nosso café e sem pressa, que os chineses de Xangai priorizam a qualidade de vida bem mais do que imaginávamos antes.
Por isso, é bom viajar e ver as coisas com os próprios olhos. Conversar com locais, passar um tempo em cada lugar.
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