O Doce Maravilha retornou ao Rio de Janeiro depois de 10 meses de sua estreia.
Coincidentemente, justo no fim de semana do festival, em 25 e 26 de maio, a chuva também voltou ao Rio depois de quase um mês afastada.
Mas, desta vez, o encontro foi bem diferente do que vimos no ano passado.
Aprendendo a lidar com o “novo anormal”
Como falamos, não tem como fugir: a emergência climática é uma realidade e criadores de experiência vão precisar se adaptar.
Se as chuvas pegaram o público e produção de surpresa durante o Doce Maravilha do ano passado, esse não foi o caso este ano.
Quem foi ao primeiro dia de festival já pôde notar que o festival foi desenhado pensando nas diferentes possibilidades climáticas.
Começando pelas áreas cobertas, para fugir da chuva ou do sol escaldante. Enquanto no ano anterior tínhamos apenas a tenda da Marina da Glória como refúgio das chuvas, este ano o festival contou com o Palco Elo, duas praças de alimentação e as arquibancadas das tribunas do Jockey. Todos os espaços cobertos.
Para evitar formação de lama, outra crítica da edição anterior, o granito no gramado, o piso instalado no Palco Doce Maravilha, os pisos de caquinho do espaço do Palco Elo e a passarela de madeira que ligava as áreas dos dois palcos foram fundamentais.
E algumas marcas também estavam prontas. Os bucket hats do Chás Leão pensados como proteção para o sol, formaram um mar laranja contra a chuva.
A produção do festival também forneceu capas de chuvas para aqueles que não foram preparados.
Mas se o primeiro dia foi regado à garoa, a previsão de chuva moderada a forte no segundo dia acendeu um alerta no público e na produção.
Quanto de preparação é o suficiente para lidar com a ação da natureza?
Regra 01: transparência com o público
Na manhã do domingo, o Doce Maravilha publicou o seguinte comunicado em seu Instagram:
Esse é o tipo de comunicado que precisa ser mais frequente daqui para frente.
Diante da possibilidade de chuvas fortes e, desta forma, cancelamentos de shows, o festival optou por alinhar as expectativas com o público e oferecer reembolso para quem preferir não se arriscar diante das condições climáticas.
Não deve mais ser uma opção para os eventos fingirem que a emergência climática não está acontecendo e que eles também são impactados e impactam essa realidade.
Nossa única ressalva para o comunicado do Doce Maravilha está no tom do comunicado. Até que ponto uma marca pode usar seu tom de voz humanizado para tratar de forma bem humorada uma situação que, para muitos, é bastante séria?
Esperamos que as marcas sejam autênticas e humanas, mas quando o são, recebem críticas nas redes sociais. Não condenamos o tom da mensagem (aliás, adoramos o post “a gente é doce, mas não é feito de açúcar”), mas é uma questão a se considerar quando o assunto é gestão de crise.
O Doce Maravilha foi um belo festival, com ou sem chuva
O Doce Maravilha encerrou sua segunda edição carioca com pontos positivos tanto para quem foi quanto para quem optou por não ir e pôde solicitar o reembolso.
Foi uma edição mais grandiosa e que reforçou ainda mais a sua “cara de festival”.
Bom fluxo entre os palcos, boa comida na Junta Local, surpresas como uma apresentação de boi-bumbá na praça de alimentação, ativações de marca tímidas mas bonitas, cenografia com bandeirinhas como as dos festivais ingleses, bebedouros da Elo com água gratuita…
Além dos encontros e shows especiais que aconteceram sob a curadoria de Nelson Motta. Jorge Ben Jor foi o nosso favorito em energia, mas o encontro de Maria Bethânia e Xande de Pilares foi uma catarse inesquecível.
Compartilhamos mais dessa experiência no nosso Instagram.
Que este se torne um exemplo para os festivais e eventos que virão, priorizando a transparência e aprendendo com os erros das edições anteriores para construir uma experiência melhor para o público.