Acredite, NFTs serão o futuro das experiências

Usos de NFTs nas experiências
Crédito: Andrey Metelev / Unsplash

Enquanto estudávamos a programação do Web Summit Rio para montar curadorias, notamos um fato curioso da edição de 2024: as criptomoedas voltaram a ganhar destaque. E vieram acompanhadas dos NFTs, os tokens não fungíveis. 

Lembra deles? rs

Talvez você esteja se perguntando: qual é a relação desse tema com um site que fala sobre o futuro das experiências? Muita. Não só pelos experimentos do passado, mas principalmente pelas novas aplicações e possibilidades do futuro.

Antes, vamos dar alguns passos para trás.

De que NFT falamos?

Você pode até já ter esquecido do que foram os NFTs, mas é quase impossível que nunca tenha ouvido falar dessa tecnologia. 

Afinal, “NFT” foi a palavra do ano em 2021 e também foi o tema que vimos dominar as conversas e as empresas patrocinadoras do SXSW em 2022. 

Nesse mesmo ano, os NFTs foram temas de aulas do oclb academy Events Evolution e também chegamos a falar sobre o assunto em uma cápsula passada, citando este mercado avaliado em mais de 40 bilhões de dólares em 2021. 

Hoje, sabemos que esse entusiasmo geral com os NFTs não durou muito. 

De forma mais dramática, a conversa até o ano passado era de que esse seria o fim dos NFTs, com cerca de 95% perdendo o seu valor de mercado

Além disso, foi nesse período que também vimos as discussões sobre IA generativa abafarem as conversas que antes eram voltadas pros NFTs, criptomoedas, web3, metaverso etc. 

Mas parece que esse desinteresse começou a mudar.

Na verdade, os NFTs nunca foram embora

Campanha do Nike Dunk, onde compradores do NFT poderão retirar um tênis físico exclusivo.
Campanha do Nike Dunk, onde compradores do NFT poderão retirar um tênis físico exclusivo.
Crédito: Reprodução / SNKCult.

Enquanto os valores das criptomoedas e dos NFTs colecionáveis estavam em queda, algumas marcas seguiram experimentando com a tecnologia em formatos diversos.

Os NFTs agora são parte da estratégia de marketing de empresas como Nike e Coca-Cola. E com campanhas bem-sucedidas. Mas como?

Dois direcionadores ajudam explicar o uso dos NFT por marcas: 

1) Geracional: Coca e Nike são marcas que ressoam com públicos mais jovens, Gen Z ou Gen Alpha, e que estão mais acostumados com o universo digital e com compras nesse sentido, como as skins em jogos online.

2) Love brands: Quem está experimentando com NFTs e se dando bem são as marcas que tem super fãs, um público engajado o suficiente para embarcar numa tecnologia recente com a marca.  

Cases de sucesso = aumento de interesse na tecnologia. E o universo das experiências também tem experimentado e aprendido nesse período.

NFTs além do digital: aplicações práticas para inspirar

É interessante olharmos o potencial dos NFTs para além da representação virtual.

Pode ser um tanto polêmico, mas arriscamos dizer que não existe futuro da venda de ingressos sem NFTs, por exemplo.

Os NFTs estão na blockchain, firmados por contratos inteligentes. O emissor de um ingresso em NFT poderá rastreá-lo infinitamente, além de poder incluir porcentagens na revenda dos ingressos, atuando no combate à falsificação  ao mesmo tempo em que lucra com o mercado paralelo de venda de ingressos. Existem experimentos nesse sentido, como a turnê de despedida do Milton Nascimento aqui no Brasil. 

Outro caso interessante é o da Mastercard, que propôs uma competição global entre fãs de futebol na Web3. Os fãs que coletarem NFTs no app da marca podem participar de quizzes sobre a UEFA Champions League. Os vencedores são premiados com ingressos para os jogos do campeonato.

Competição Web3 da Mastercard para UEFA Champions League
Competição Web3 da Mastercard para UEFA Champions League. Crédito: Reprodução / Mastercard

NFTs também podem ser usados para programas de fidelidade, criação de jornadas personalizadas, acessos exclusivos… 

O mais importante é encontrar modos criativos de usar a tecnologia, sair do discurso raso do token pelo token e não usá-la como uma mera “isca de engajamento”, como defende Eduardo Mendes, cofundador da newsletter sobre Web3 The Block Point (TBP).

Mas se existem tantas vantagens…

Por que todas as grandes empresas ainda não estão apostando em NFTs?

Esse ainda é um mercado recente e as tecnologias passam por um período de expectativas infladas, frustrações e depois aceitação, como nos sugere o hype cycle da Gartner ou ciclo do hype (como no gráfico abaixo). 

Hype Cycle ou Ciclo do Hype
Ciclo do Hype proposto pela Gartner

O crescimento do mercado pode estar indicando que estamos saindo dessa fase de desilusão e alcançando um amadurecimento da tecnologia. Alguns especialistas apontam que 2024 pode ser o ano que veremos essa transição.

Ou seja, se antes estava frio, agora está fervendo de novo o investimento em startups de criptoeconomia

Segundo dados do Pitchbook, startups de cripto captaram US$ 2,52 bilhões no 1T de 2024. Isso equivale a 25% de crescimento sobre o quarto trimestre de 2023. 

Além da regulação e do sentimento positivo em torno das DeFi, os fundos ETF de bitcoin aprovados pela SEC ajudaram a esquentar a discussão.

Há novas conversas, por exemplo, sobre o uso de IA para a criação de NFTs mais únicos e criativos ou o uso dos tokens como verificação de autenticidade para marcas de luxo

Mas nem tudo são flores, claro. Devemos considerar o impacto ambiental dos NFTs, além de reconhecer que será necessário um processo de letramento da sociedade com esta nova tecnologia. É um longo caminho. 

Por enquanto, seguiremos pro Web Summit Rio para ouvir o que o futuro nos reserva. Sem ou com NFTs.