Vivemos uma jornada sobre inovação, KPIs e o futuro dos eventos neste HackTown.
Quando a gente planeja uma experiência, só criamos de verdade uma intenção.
É no ao vivo que a gente vê os resultados.
E dessa vez, eles superaram – e muito – as expectativas da nossa trilha no HackTown 2025.
Voltamos ao festival que frequentamos desde 2016, mas dessa vez com a responsabilidade de assinar a curadoria da trilha de Brand Experience e Festivais.
A tarde rendeu. A trilha se transformou em uma verdadeira jornada de aprendizagem pra quem estava em Santa Rita do Sapucaí e à distância, com cobertura em tempo real na comunidade do radar de inovação oclb no WhatsApp (contamos mais desses bastidores aqui).
Entre insights, abraços, trocas de contatos na sala cheia, quatro conversas nos ajudaram a entender o que os eventos representam hoje e o que podemos esperar do seu futuro.
A seguir, um resumo dos principais aprendizados:
Acessibilidade não é custo. É investimento.
Quando falamos em criar eventos para todo mundo, acessibilidade não pode ser um item de checklist. Tem que estar na concepção desde o início.
“Pensou em qualquer evento, qualquer tamanho que seja, a gente tem que pensar na acessibilidade”, como bem colocado pela Patrícia Saiago, cofundadora da Zênite Studios.
A mesa de abertura da trilha reuniu quem vive isso na prática — Patrícia, Márcia Vital (Rock World), Marcelo Lemmer (Globo) e Gabriel Saiago — para falar dos bastidores da inclusão em festivais.
Quatro pilares de acessibilidade se destacaram:
- Arquitetônica: transporte, calçadas, banheiros, deslocamento interno.
- Comunicacional: libras, audiodescrição, materiais em braille.
- Tecnológica: coletes e balcões vibratórios, audioguias…
- Atitudinal: postura empática e proativa das equipes (simples e faz uma enorme diferença!)
E não se trata apenas de fazer o certo. A inclusão tem retorno prático: engajamento, motivação e visibilidade.
Qual é a cara de um festival brasileiro hoje?
Jovem, conectado, exigente… e mais espalhado pelo mapa.
Esse foi o retrato traçado por Juli Baldi e Rafael Achutti (Mapa dos Festivais / Bananas Music) na conversa “Do patrocínio a love brand”, que mapeou o cenário atual dos festivais e o papel das marcas dentro deles.
Só em 2024, a pesquisa considerou 402 festivais realizados no Brasil, número que cresceu 20% em relação a 2023.
E cada vez mais fora do eixo, com o Nordeste se consolidando e o Norte ganhando força (impulsionado pela COP30).
O público é majoritariamente de 18 a 34 anos, com equilíbrio de gênero e presença forte da classe C. Mas talvez o dado mais revelador seja a disposição para investir.
Além de R$375,40 em média no ingresso, o gasto por dia de evento com consumo gira entre R$200 e R$400. E a exigência não é só com o line-up: segurança, sombra, bons banheiros e água potável se tornaram fatores decisivos.
Para as marcas, fica a lição de que não basta a presença, é esperado que elas ajudem também prestando serviços úteis e melhorando a experiência do público.
Como as marcas podem participar dos eventos de inovação?
Para a penúltima mesa, saímos dos bastidores pra conversar com Aline Jurie (Manychat) e João Bosco (Claro Brasil) sobre o que realmente importa quando o assunto é inovação e presença de marca em eventos.
E começamos com um ponto simples, mas fundamental: inovação não é só tecnologia, é sobre escuta.
Mais do que impressionar, o diferencial está em quem consegue se conectar de verdade. Os eventos de inovação no Brasil ainda são um fenômeno recente, e isso representa tanto riscos quanto oportunidades para as marcas.
E foi dado o recado: não basta patrocinar uma vez. Presença relevante se constrói com visão de longo prazo. As marcas devem pensar no horizonte de três anos, no mínimo. É relacionamento.
E não precisa ir no óbvio. João compartilhou o exemplo de como a Claro saiu de um primeiro ano no HackTown focado em awareness para uma atuação mais estratégica com palcos próprios e métricas que vão além do awareness, como as parcerias que surgiram na conexão local e agora foram para o palco da Casa Claro no festival.
Falamos também dos erros comuns: branding autocentrado, ações que não dialogam com o tom do evento, ou a tentação de copiar fórmulas prontas.
Não é todo evento que precisa parecer com o SXSW ou o Web Summit. E há um risco de homogeneização quando todo mundo caminha na mesma direção.
Os eventos mais valiosos são os que têm alma. Aqueles que trazem identidade no conteúdo, no formato, na forma de ocupar o espaço.
Encantamento não se improvisa: os bastidores da Disney no Brasil
Como transformar um show, uma corrida ou uma exposição em algo memorável?
Na palestra de encerramento, o Business Manager de Live Entertainment da The Walt Disney Company, Felipe Almeida, deu algumas pistas.
A operação da Disney no Brasil se divide em três frentes: shows ao vivo, corridas para famílias (Magic Run) e exposições imersivas (como o Mundo Pixar, criado aqui e exportado para Europa, Ásia e outros países da América Latina).
Mas o diferencial não está só no tamanho. Está no cuidado com os detalhes.
E isso só acontece quando a equipe inteira, do produtor ao segurança, entende o impacto do seu papel.
Antes de cada evento, Felipe comentou que tem o hábito de reunir os times e lembrar: “vocês têm uma grande responsabilidade. Se o olho do público não brilhar, falhamos.”
A memória afetiva ao redor da Disney ajuda, mas o diferencial está em criar experiências multissensoriais com propósito.
Encantar não deve ser um bônus. É a entrega. E começa muito antes da bilheteria, está na cultura da equipe, na intenção da experiência e no cuidado com cada ponto de contato.
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E fica a esperança de que a gente siga criando experiências com mais chão, presença e brilho no olho.
Até a próxima edição, HackTown.