Como foi o Web Summit Rio 2024?

Foto: Divulgação Web Summit Rio

Chegamos ao fim do Web Summit Rio 2024. Foram três dias de muitos encontros pelos corredores, acompanhando muitas palestras pelo app e assistindo a pouca coisa ao vivo…

Esta segunda edição do Web Summit Rio chegou acompanhada de controvérsias e promessas de superar (em números) a primeira edição.

Mas vamos por parte organizar as nossas impressões sobre como foi o Web Summit Rio 2024 e também entender o que podemos esperar do futuro do evento.

Web Summit Rio 2023 vs. 2024

Antes de partir para esta edição, fizemos um exercício de voltar ao nosso review da estreia do Web Summit em 2023 e relembrar como foi no ano passado.

A boa notícia é que bastou um dia de evento este ano para notarmos melhorias em quase todas as questões que apontamos.

Caíram com a caótica noite de abertura, vimos mais palestras em português (e a tradução simultânea disponível no app), o fluxo de pessoas melhorou a partir da mudança do credenciamento para um pavilhão externo e um novo pavilhão de experiências, além de poucos problemas técnicos com microfones e telões.

Já em números, comparando à estreia de 2023, o Web Summit Rio 2024 foi…

  • De 21.367para 34.397 participantes (o evento deu sold out na semana anterior)
  • De 91 para 102 países representados 
  • De 400 para 518 palestrantes
  • De 974 para 1.066 startups
  • De 506 para 499 investidores
  • De 173 para 175 marcas parceiras

Mas se tem um detalhe que ficou ainda mais claro nesse Web Summit Rio, é que precisamos olhar para além dos números. Já retomamos esse ponto.

Um evento que ganha força nos corredores e estandes

Estande do Itaú no Web Summit Rio
Palco do estande do Itaú, que participamos do desenho de experiência e curadoria

Sempre dizemos que existem dois eventos dentro do Web Summit: um para quem está interessado em conteúdo, outro para quem busca networking. 

Enquanto os participantes buscando conexões profissionais saíram satisfeitos com os encontros e negociações nos corredores, lounges e estandes, quem estava em busca de conteúdo enfrentou frustrações devido ao formato de palestras rápidas e superficiais nos palcos principais.

Quem foi em busca de conteúdo, teve que se contentar com a ajuda das marcas patrocinadoras e parceiras do evento. Foi o caso das Masterclasses (todas patrocinadas, mas com duração de 45 minutos) ou dos estandes de marcas que montaram sua programação paralela de palestras (Itaú, BVx, Senac, Magazine Luiza, Banco do Brasil, Claro, entre outros). 

Não à toa, foram para esses estandes que mais ouvimos elogios durante o evento.

Aliás, comentamos as experiências de marcas do Web Summit Rio 2024 em outro artigo do site, é só clicar aqui para conferir.

Uma pausa pra conhecer sua versão do futuro no estande da Icatu

Mas uma análise do line-up também pode nos ajudar a entender o porquê dos palcos ficarem em segundo plano este ano.

Line-up de speakers aquém do esperado

Nós vamos ao Web Summit desde 2018, já passamos por quatro edições em Lisboa e agora duas no Rio. É incomum ver um line-up de palestrantes como o deste ano.

O line-up deste ano não atendeu as expectativas, com cancelamentos de palestrantes de renome internacional como a Meredith Whittaker, CEO da Signal, a palestrante mais relevante desta edição até então.

O segundo nome mais relevante do line-up era Gilberto Gil. Nosso ex-ministro, artista inquestionavelmente relevante, mas que não é um player relevante no cenário tecnológico mundial.

Gilberto Gil no Web Summit Rio 2024
Gilberto Gil no Center Stage
Foto: Divulgação Web Summit Rio

O Web Summit costumava ter nos seus palcos executivos da Meta, Microsoft, Apple e outras big techs, além de políticos como a Rainha Rania da Jordânia ou a primeira-dama da Ucrânia Olena Zelensa.

Mas a ausência desses grandes nomes dos palcos e, em parte, da feira, pode ser um reflexo das controvérsias que cercam o Web Summit desde o ano passado.

Afinal, o Web Summit pode continuar afirmando ser o maior evento de tecnologia do mundo?

Se você ler qualquer reportagem sobre o Web Summit ou até no site oficial, vai se deparar com a afirmação de que este é “o maior evento de tecnologia do mundo”.

De certa maneira, eles são, se você considerar que esse evento faz parte de uma família de outros eventos internacionais criados pelos mesmos fundadores do Web Summit, como o Collision de Toronto, o Rise em Hong Kong e, a estreia desse ano, o Web Summit Qatar.

Mas o que significa quando o maior evento de tecnologia do mundo não conta mais com a participação dos principais players de tecnologia do mundo?

As tensões começaram no final do ano passado, três semanas antes do evento de Lisboa. O fundador e então CEO do Web Summit, Paddy Cosgrove, publicou um tweet onde acabou sendo interpretado como um aliado da Palestina na guerra contra Israel.

Essa postagem resultou em praticamente todas as big techs retirando o patrocínio do evento, assim como muitos fundos de investimento bastante relevantes e alguns poucos speakers.

Paddy se desligou do cargo e Katherine Maher o assumiu por alguns meses, mas aí veio a surpresa: uma semana antes da edição carioca, Paddy Cosgrove voltou a assumir a cadeira de CEO do Web Summit, como se nada tivesse acontecido.

Aparentemente, o dano causado à marca ainda não foi inteiramente recuperado.

Apesar dessa edição do Web Summit Rio ter crescido em números, notamos a falta de grandes marcas de tecnologia e fundos de investimentos internacionais de relevância que sempre marcaram presença no evento, além de mais palestrantes internacionais à altura dessa mega conferência.

O que será do amanhã

Entre altos e baixos, saímos dessa edição do Web Summit Rio com a sensação de que o evento foi um sucesso.

Foi uma experiência confortável, que conseguiu se adequar a uma expansão considerável, quando comparada ao ano anterior.

Nos resta acompanhar para entender qual será o futuro do evento. Quem sabe nos vemos em Lisboa no fim do ano?