Enquanto pessoas buscam espaços cada vez mais mais seguros para troca de ideias e interesses, canais sociais privados ganham força no mercado.
Ainda na pré-história o ser humano entendeu que é necessário unir-se para sobreviver. E numa linha do tempo chegando até os dias de hoje, trocamos a reunião ao redor do fogo por encontros virtuais hospedados em plataformas sociais que atraem pessoas com um objetivo: pertencimento.
Esses espaços exclusivos, ou comunidades, não param de crescer conectando pessoas assim como nós e você, que buscam ambientes cada vez mais seguros para dividir interesses pessoais ou profissionais, ideologias, propósitos. É pura troca de experiências, mediada por líderes de projetos ou movimentos, influencers, mídias e, claro, marcas.
“As pessoas hoje querem balancear mais o que é público e o que é privado. Há redes em que você quer mostrar mais da sua vida, em outras quer ser mais anônimo e interagir de outra forma. É por isso que apostamos muito nas comunidades no Reddit, onde não são as pessoas que são julgadas online, mas ideias individualmente.” Jen Wong, COO do Reddit
Veja abaixo alguns exemplos de comunidades virtuais capazes de construir experiências que fidelizam:
Red Bull Community: eventos como um propósito compartilhado
A marca de energéticos Red Bull é patrocinadora de diversos eventos ao redor do planeta, de parkour ao motocross. Para fomentar o marketing “boca a boca” e trazer os amantes de vários universos que são satélites da marca é que surgiu a Red Bull Community, onde os membros encontram muito conteúdo e ficam sabendo onde rolam os eventos e como participar de cada um deles.
LEGO Ideas: fidelização por co-criação
Imagine você criar um design na forma que sua criatividade permitir. Em seguida, expor essa ideia para uma comunidade de fãs da LEGO que pode votar e escolher sua obra para virar um produto nas prateleiras do mundo todo – e ainda receber uma porcentagem das vendas. É assim que a marca de brinquedos foi além da troca de conversas e conteúdos usando a plataforma LEGO Ideas.
NuCommunity: a moeda de troca é educação financeira
No Community, o NuBank uniu conteúdos baseados nas necessidades reais de quem usa o app do banco e administra sua vida financeira por lá. Nessa comunidade, os membros encontram desde auxílio com informações sobre imposto de renda, alerta de golpes na internet, como investir seu dinheiro, perguntas e respostas sobre os seus produtos, entre muitos outros tópicos. Mas também dá espaço para que as pessoas troquem sobre cultura, entretenimento e assuntos do momento relacionados ao universo da marca.
Airbnb Host Community: o pertencimento por influência
A Airbnb criou uma comunidade online para seus anfitriões compartilharem experiências, obterem suporte e se conectarem com outros anfitriões em todo o mundo. A comunidade oferece fóruns de discussão, recursos para anfitriões, eventos presenciais e virtuais e grupos regionais. Neste ambiente onde os hosts – que são seguidores fundamentais da marca – assumem a posição de influenciadores, a comunidade se constrói ao premiar o trabalho colaborativo.
Decentraland: comunidades no metaverso
A Decentraland é uma plataforma de mundo virtual descentralizada que permite aos usuários criar, experimentar e monetizar conteúdo e aplicativos. Os usuários podem comprar e vender terrenos virtuais, interagir com outros jogadores e criar experiências únicas. Muitas marcas já experimentaram esta comunidade para criar ativações com os usuários, como a Dolce & Gabbana, com uma galeria virtual com roupas e acessórios da marca; e a Atari, que criou uma cidade virtual para o público jogar jogos clássicos e interagir com outros jogadores.
Membro Nike e Training Club: engajamento poderoso e Inteligência Artificial
Com uma legião de fãs ao redor do mundo, a Nike sempre esteve na ponteira quando o assunto é engajamento de comunidades. Na Membro Nike, a experiência vai além do virtual. Ao se cadastrar gratuitamente, os clientes ganham descontos, ficam sabendo primeiro sobre lançamentos da Nike, têm acesso a produtos colecionáveis e sugestões de treinos, e ainda podem participar de maratonas de corrida promovidas pela marca. Já a Nike Training Club é uma comunidade virtual que usa inteligência artificial para personalizar planos de treinamento para cada usuário com base em seus objetivos de fitness, histórico de treinamento e preferências pessoais.
O futuro das comunidades virtuais
No nosso curso Events Evolution a gente fala sobre como no universo dos eventos híbridos, que intercalam encontros presenciais e virtuais, a relação entre organizador e público se torna contínua – em uma jornada cíclica e recíproca. Nesse novo modelo, as experiências passam a ser co-criadas, e a audiência passiva do passado transforma-se numa comunidade ativa. O futuro dos criadores de experiências, portanto, passa obrigatoriamente pela participação do público e a formação de comunidades.
Elas são solo fértil para gerar experiências cada vez mais personalizadas, por meio do compartilhamento de propósitos, acesso a vantagens e oportunidades exclusivas, conexão emocional com os membros, engajamento contínuo com fãs e seguidores, além do valor agregado de um bom networking.
Segundo a especialista em Web3 Sandy Carter, a tendência é termos conexões muito mais genuínas e igualitárias com a “tokenização” dos ativos online e conteúdo gerado pelo usuário em redes como Reddit, Discord, etc. Carter acredita que à medida que as comunidades virtuais continuam a evoluir, elas se tornarão ainda mais importantes para marcas e organizações como uma forma de se envolver com clientes, funcionários e parceiros – tornando-se mais sofisticadas e oferecendo experiências cada vez mais personalizadas para adaptar-se aos interesses e preferências individuais.