Afinal, quando tudo (e qualquer coisa) pode ser considerado tendência, como é possível identificá-las?
“Vivemos em uma época em que todos estão correndo para nomear e esquematizar fenômenos culturais”, disse Sean Monahan, consultor de tendências de Los Angeles que escreve o boletim semanal 8Ball.
Prova disso são as trends do Tik Tok, os “tudólogos” e os especialistas em nada-com-coisa-nenhuma que, por terem milhares ou milhões de seguidores, se acham no direito de nos dizer o que comer, assistir ou vestir na próxima semana.
Assustador, né?! Pra nossa sorte, andamos com os bons! Um deles é o Henrique Diaz, da Box 1824, um profissional da área de tendências que nos deu uma verdadeira aula no øclb academy – experience design sobre como “burlar” os algoritmos e não cair de cabeça no que é hype do momento.
Quer aprender também? Então, vamos por partes…
O que é uma tendência e para que serve?
Tendência é um conjunto de informações que – somadas e analisadas – nos permite entender o que está sendo criado, construído e imaginado. Ela revela o que pode se tornar mais (ou menos) relevante num futuro próximo ou distante.
Principalmente para nós que trabalhamos com experiências, comportamentos, cultura e inovação, a tendência ajuda na tomada de decisões, nas escolhas de caminhos a serem percorridos e a se preparar para o que está por vir.
Ou seja, ela é um instrumento de trabalho e, até mesmo de vida pessoal, poderosíssimo.
Nos tempos de dancinha do TikTok, como identificar uma tendência REAL?
A viralidade nem sempre é uma coisa ruim, mas prejudica o valor da autenticidade.
Sabe quando descobríamos uma cena musical tipo seapunk, emo ou grunge, por exemplo, e de repente todo mundo começou a pintar o cabelo de verde, usar óculos de armação colorida ou vestir camisa de flanela quadriculada?
Gen Zs dirão que é tudo cringe… rs.
Na era do fast fashion, do streaming, dos influencers e creators, fazer parte de uma tribo é coisa do passado. É a era dos moods, da fluidez, dos remixes e dos mashups. A geraçõa TikToker abre mão do que não se encaixa mais em sua personalidade, estilo ou vibração aspiracional sem se prender a uma única visão de mundo.
E é aí que mora o perigo também. Afinal, para quem pesquisa tendências, como estudar o que as pessoas consomem? Entende que o buraco fica muito mais embaixo quando precisamos tomar decisões com base no que só a internet tem a nos oferecer?!
Informações são jorradas aos montes e salve-se quem puder. Voltamos na máxima “se tudo (e qualquer coisa) pode ser considerado tendência, como é possível identificá-la?
Segundo o Henrique e a visão da consultoria BOX, as tendências podem ser definidas em 3 tempos:
Hoje – tendências para os próximos 2 anos
Essas são as que mais trabalhamos no dia a dia, são as tendências para o agora.
É de extrema relevância para não perder conexão com o público que queremos atender. Aqui, sim, podemos considerar alguns virais, memes e/ou hypes que podem servir de inspiração para as nossas experiências.
Quem define essas tendências?
✓ Dados secundários concretos que sustentam as inovações;
✓ Resultados de mercado (investimentos e faturamentos);
✓ Casos de pequenas e grandes empresas bem sucedidas atuando nessa tendência;
✓ Dados que apontam para uma clara evolução da categoria (ou subcategoria);
✓ Reportagens, matérias e artigos que elucidem a efetividade da tendência;
✓ Citações de especialistas comprovando como a tendência já tem corpo e relevância no mercado.
Amanhã – tendências para antecipar inovações
O território onde as tendências começam a se tornar mais conhecidas e massificadas: é justamente onde as inovações passam a ganhar maior destaque e entrar na pauta da conversa dos consumidores mais envolvidos com a categoria.
Apesar de ainda não se tratar de fenômenos massivos, estas tendências já apontam para caminhos claros de estratégias a serem adotadas. Tipo o Metaverso. Aliás, olha o que já está rolando por lá…
Quem define essas tendências?
✓ Dados secundários que apontem caminhos;
✓ Projeções de mercado (investimentos e faturamentos);
✓ Casos de pequenas empresas (start-ups) atuando nessa tendência;
✓ Dados que evidenciem a evolução da categoria (ou subcategoria);
✓ Matérias jornalísticas e material acadêmico que apontem para o desenvolvimento da tendência;
✓ Citações de especialistas trazendo reflexões e inauguração de novas práticas no mercado.
Distante – tendências para criação de visão
O mapeamento desse território revela o nascimento de tendências comportamentais e tecnológicas extremamente relevantes para o mercado.
Muitas vezes, num primeiro olhar, podem parecer temas menos importantes por ainda estarem longe da massificação, mas se conectar com essas tendêncuas significa estar à frente, pegando exatamente o momento sensível de desenvolvimento desse campo. Isso ajuda a criar inovações, muitas vezes, disruptivas.
Mapear essas tendências e desenvolver iniciativas ainda não esperadas pelo mercado torna uma marca líder em inovação na sua categoria. Duas áreas que podem apontar tendências de longo prazo são a computação quântica e a “reconstrução” de animais extintos.
Quem define essas tendências?
✓ Dados secundários que evidenciem evoluções;
✓ Estimativas de mercado (investimentos e faturamentos);
✓ Protótipos e conceitos trabalhados em incubadoras de start-ups e universidades;
✓ Materiais acadêmicos que projetam cenários futuros;
✓ Ficção-científica e conteúdos futuristas da literatura e audiovisual (multimídia e artísticos);
✓ Citações de especialistas trazendo reflexões e novos pensamentos.
Agora que você já entendeu que tendências não são apenas os memes da internet, a gente fez uma curadoria com referências e fontes onde você pode encontrar e analisar asque mais fazem sentido para o seu próximo projeto de experiências.
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