O que um evento que nasce em 2025 revela sobre o futuro da criação de experiências?
Ao contrário de eventos consolidados como SXSW Austin, Web Summit ou Rock in Rio, que carregam heranças e expectativas, tivemos o privilégio de ver o SXSW London nascer com liberdade para experimentar.
A seguir, reunimos os principais sinais que o evento nos deu, e o que eles podem inspirar em quem desenha experiências, sejam elas grandes ou pequenas.
1. Território como parte da experiência: o que SXSW London nos ensina
Essa é uma das ideias que a gente defende desde os tempos do Projeto Pulso: não existe festival desconectado do lugar em que acontece.
No caso do SXSW London, a escolha por Shoreditch, um bairro vibrante e artístico no leste da cidade, não foi por acaso. O evento ocupou ruas, galerias, cafés e centros culturais, assumindo a identidade do território como parte da proposta.
Isso vale como alerta para criadores: um evento num pavilhão de exposições tem vantagens logísticas, mas o risco é perder a originalidade.
Já quando o território vira parte da experiência, a cidade joga junto, e isso faz toda a diferença. Um bom exemplo nacional é o HackTown, que transforma Santa Rita do Sapucaí em extensão do próprio festival.
2. Como a comunicação visual define a identidade de um evento inovador
O SXSW London se destacou por ter uma presença de marca fresca, digital e relevante.
A identidade visual era nova, com linguagem pop, colorida e muito conectada com o espaço onde aconteceria o evento. As redes sociais estavam ativas, rápidas, e o evento contou com uma boa estratégia de creators.
Mesmo com a experiência descentralizada, a coerência visual ajudava a costurar tudo: cartazes nas ruas, sinalizações nos espaços, ativações e instalações conversavam entre si. Isso criou unidade sem apagar a diversidade de cada lugar.



Ponto extra para as photo opportunities bem produzidas — algo que pode parecer simples, mas não é. Em vez de painéis improvisados com iluminação ruim (como se vê na maioria dos eventos), Londres apostou em instalações grandes, visuais e atrativas, especialmente no parque central, onde muita gente registrou e compartilhou a vivência (olha o grupo oclb journey London aí nas fotos!).
3. Descentralização como convite à descoberta no evento
Apesar de ser um modelo que pode ser mais cansativo fisicamente, a descentralização foi um dos trunfos do SXSW London.
Cada espaço tinha identidade própria, curadoria específica e cenografia pensada. Havia uma sensação de descoberta a cada esquina do bairro de Shoreditch.
Mais do que isso, a experiência também aconteceu pelo caminho: arte urbana, ativações abertas, intervenções. Não era aquela sensação de você estar só “entre uma palestra e outra”, os deslocamentos faziam parte do roteiro.
Isso mostra como o desenho do evento pode estimular diferentes rotas, longe da lógica tradicional de “sentar numa sala e ver apresentações em sequência”.
4. Novos formatos de conteúdo e a economia da atenção nos eventos
A economia da atenção impacta diretamente os eventos.
Em Londres, os conteúdos mais curtos e ágeis foram destaque. Claro, há quem sinta falta de profundidade, mas é preciso entender o contexto de consumo e presença atual: o público quer se mover, experimentar, viver para além das salas de conferências.
Mais importante ainda: os conteúdos mais interessantes das palestras foram os que estavam conectados às experiências reais.
A exposição Grounding do artista Daniel Roach, por exemplo, foi sucesso de público e teve uma conversa com o artista contando os bastidores. Ou a palestra sobre o ABBA Voyage, o super espetáculo imersivo com hologramas que estava em cartaz em Londres – e nós fomos, veja aqui como foi.
Quando conteúdo, experiência real e autoria se cruzam, o impacto é muito maior.
5. Arte como ferramenta central da experiência
A arte deixou de ser “decorativa” para se tornar ferramenta estruturante de experiência. O SXSW London entendeu isso.
A cidade foi tomada por instalações, projeções, performances e ocupações artísticas que não estavam ali para ilustrar, elas eram parte do coração do evento.
Para quem cria experiências, é importante não esquecer que a arte é uma das principais pontes para conexão e emoção, especialmente em contextos urbanos mais frios.
6. Imersão de marca: o que funciona nas ativações de marca em 2025
As ativações de marca mais comentadas do evento foram aquelas que criaram ambientes imersivos, como o HQ do Canva e a exposição do Varzenal, ação da OMO com o Kondzilla (nas fotos abaixo).



Em vez de estandes expositivos, eles apostaram em espaços interativos, que você conseguia mergulhar na ambientação cuidadosa e nas narrativas das marcas e seus produtos.
Você pode conferir como foram as experiências e casas de marcas no nosso Instagram.
A lição que fica é: não basta estar presente, é preciso pensar a experiência da marca como um espaço imersivo, sensorial e que impacte de fato quem participa.
7. O valor de uma boa noite de abertura no evento
Pode parecer detalhe, mas não é: a festa de abertura do SXSW London fez toda a diferença: foi bem resolvida, com som na altura certa e muito bem comandado (com DJ set do Groove Armada), ambiente agradável, bebida liberada e aquele clima de boas-vindas.
Esses detalhes foram um bom passo pra gerar conexão e dar o tom do evento.
Momentos como esse não precisam ser grandiosos, precisam ser bem pensados. Um bom início pode catalisar toda a energia dos dias seguintes.
O SXSW London mostrou que um evento contemporâneo não se faz só de programação. Para quem cria experiências, esse pode ser um mapa.